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Regresso ao "Debaixo dos Arcos"
Este espaço pretende apenas apresentar publicamente uma visão sobre o futebol (com outras modalidades à mistura), de forma desapaixonada, independentemente da(s) cor(es) clubística(s). Sem qualquer pretensão oficiosa ou oficial. E que conta com a preciosa colaboração da Mi Gonçalves.

domingo, 26 de setembro de 2010

Remate à barra… (apontamentos colaterais)

Frieza e eficácia...

O Futebol Clube do Porto conquistou ontem, no seu estádio e frente a cerca de 35 mil espectadores, a sua sexta vitória consecutiva, em outras tantas jornadas, continuando invicto na Liga ZonSagres 2010/2011.
Seis jogos, 18 pontos e os segundos classificados Braga, Guimarães e Académica a sete pontos de diferença.
Sobre o jogo de ontem pouco há a dizer face à supremacia táctica portista, ao total controlo do encontro, à ausência de um resultado mais alargado, à pouca ambição do Olhanense (até então sem qualquer derrota no campeonato) e a uma arbitragem do madeirense Marco Ferreira sem casos.
O FC Porto dominou o encontro, deixou o Olhanense “encostado” à sua zona defensiva, fruto de um esquema táctico algarvio – utilização de dois trincos -que privou a equipa de Olhão de alguma ambição e criatividade, preocupada apenas em conter o caudal ofensivo portista. Nem mesmo um segundo tempo mais refreado, mais contido, com a equipa do Porto a pensar na deslocação a Sofia (CSKA – liga Europa), trouxe mais competitividade ao Olhanense.
Destaque do encontro para a estreia de Otamendi no eixo da defesa do Porto (em substituição do brasileiro Maicon) e para a sua estreia na lista dos marcadores ao assinalar o primeiro golo do encontro (mais não se poderia esperar). Além disso, excluindo um ou outro lance que demonstrou claramente a falta de entrosamento entre Rolando e o argentino, fruto da sua primeira titularidade, Otamendi mostrou muita segurança, personalidade e categoria, demonstrando que não existem lugares cativos na defesa portista. Apenas se estranha que a opção de “banco” tenha recaído sobre Maicon e não sobre Rolando, face às prestações de ambos nas cinco primeiras jornadas.
No entanto, Otamendi ainda terá que comprovar a sua capacidade para liderar o eixo defensivo dos dragões, porque a oposição no jogo de ontem foi muito fraca (um remate directo à baliza, durante 90 minutos, por parte do Olhanense).
Ainda referência para mais um golo a acrescentar à “conta corrente” do brasileiro Hulk e para a não “facturação” de Falcao. No que respeita a este último, embora várias análises apontem para uma quebra significativa na produção desportiva do ponta-de-lança portista, não deixa de ser relevante para o colectivo e para a conquista da supremacia do Porto neste início de época o trabalho táctico e colectivo que Falcao tem desenvolvido.
Mas o que importa destacar é que o Futebol Clube do Porto está diferente da época passada… não apenas pela questão dos resultados, mas acima de tudo pelo sistema, pela filosofia de jogo, pela sua personalidade e identidade táctica.
O Futebol Clube do Porto, à margem de polémicas, casos e acusações (motivadas mais pela frustração e inveja, do que pela razão e razoabilidade), tem demonstrado pelo trabalho desenvolvido diariamente, pelo planeamento estratégico definido, e, fundamentalmente, pelos resultados e pelo jogo praticado que é um claro e digno líder do campeonato.
Uma simplicidade e frieza constroem uma equipa com personalidade, calculista, dominadora, que gosta de ter a bola em seu poder e controlo, sempre com o sentido da baliza adversária em transições seguras, eficazes mas criativas, garantida por uma dupla que cresce em afirmação desportiva (Berluschi e Moutinho), com uma capacidade de pressão fruto do trabalho incansável de Fernando, uma criatividade espontânea que nasce da capacidade técnica de Hulk, Varela e Rodriguez, e, por fim, de uma crescente segurança defensiva (esta, pessoalmente, uma surpresa) agora reforçada com a estreia de Otamendi.
Uma equipa que, ao construir a sua identidade numa solidez colectiva de objectivos, métodos e estratégias, começa a jogar de forma harmónica e coesa, quase que de “olhos vendados”.
Sem pressões, sem o improviso e o sentido de mera sobrevivência desportiva da época transacta, mas com a certeza do seu valor e dos seus mecanismos.
Reconheça-se, para quem como eu tinha fortes e muitas dúvidas na capacidade de André Villa-Boas em gerir a ambição do clube, que o jovem treinador, no seu calculismo, mecanização, capacidade de colocar as peças no seu lugar certo, trouxe ao Dragão um misto de liberdade com exigência do pormenor, de improviso com segurança estratégica.
Este começa a ser um Futebol Clube do Porto com gosto, ambição e elegância… mordaz, eficaz e frio!

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