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Regresso ao "Debaixo dos Arcos"
Este espaço pretende apenas apresentar publicamente uma visão sobre o futebol (com outras modalidades à mistura), de forma desapaixonada, independentemente da(s) cor(es) clubística(s). Sem qualquer pretensão oficiosa ou oficial. E que conta com a preciosa colaboração da Mi Gonçalves.

domingo, 18 de setembro de 2011

Vergonha (resumo prévio da quinta)

À quinta jornada o FC Porto perdeu os primeiros pontos neste campeonato 2011/2012 ao empatar com o Feirense, em Aveiro. Nada deste facto, relatado tal e qual e de forma tão simplista, teria algo de extraordinário. No fundo tratava-se de futebol e da própria realidade de um jogo.
Mas a verdade é que este resultado (empate a zero) tem tudo para traduzir uma realidade até à data disfarçada. Ou se quisermos várias realidades inquietantes, já expressas em diversos momentos, neste espaço (mesmo que em contradição/oposição com a Mi Gonçalves).
Comecemos pelo topo da pirâmide. São apontáveis vários factos, o primeiro um fantasma que ainda paira dobre o Dragão: a saída inesperada de André Villas Boas. E saídas inesperadas é algo que há vários anos já estava arredado do dia-a-dia desportivo dos portistas. Mas como se tal não bastasse, Pinto da Costa apresenta uma alternativa ainda mais inesperada e extraordinária: o inexperiente Victor Pereira. E, pessoalmente, a realidade é só uma: o treinador do Porto não tem qualidade (nem técnica, nem táctica, nem organizacional) para assumir este cargo carregado de responsabilidade, competitividade e obrigatoriedade de vencer.
Ainda preocupante é a veleidade com que a administração do FC Porto tratou o plantel junto da sua equipa técnica: descurou as saídas, comprou com qualidade duvidosa, não encontrou as devidas e necessárias alternativas às saídas, principalmente as de maior "vulto" e peso. Resultado: FC Porto tornou-se uma equipa dependente de dois jogadores... Hulk e Moutinho. Muito pouco para quem tem a obrigação de ganhar. A não ser que para a administração/direcção do Porto o facto de, nas últimas décadas, ser tão normal o Porto ganhar que é indiferente que se "queime" uma época, num total desrespeito pela história, pela identidade, pelo sócios e simpatizantes do clube.
Mas a verdade é que o resultado de hoje (ao qual temos de juntar algum mérito do Feirense pela forma como encarou o jogo) vem revelar falta de liderança e gestão técnica, erros na abordagem e leitura do jogo, já repetidos anteriormente (escolha do onze, princípio do jogo, substituições efectuadas), uma equipa desestruturada, sem capacidade competitiva (falta de pressão, sem ligação entre sectores, fragilidades gritantes no sector defensivo e no "coração da área"), sub-rendimento colectivo e individual, excessiva dependência de Hulk e João Moutinho.
Uma equipa sem princípio e modelo de jogo consistentes, sem disciplina táctica (hoje, no encontro frente ao Feirense, foi de uma anarquia total  desesperante), sem humildade (muito convencida que tudo são facilidades e que os três pontos acabam sempre por acontecer), ...
E, para finalizar, mas sem nada a ver, directamente, com este primeiro deslize, esta época vai ser aflitiva para o FC Porto com o "andar da carruagem". Sem nenhuma confiança na revalidação do título. E infelizmente, e com enorme vergonha, por CULPA PRÓPRIA.
(se me enganar, cá estarei para dar a mão à palmatória).

2 comentários:

Unknown disse...

A minha modesta opinião sobre o que se passou no FC Porto este ano é a seguinte: Pinto da Costa pensou que o AVB poderia sair, mas acho que como um namorado apaixonado, negou a possibilidade de um "encornanço" do mestre André. Tramou-se e utilizou uma solução de recurso: apresentou o Vítor Pereira, na esperança de dar continuidade ao bom trabalho do AVB. Até aqui tudo bem. O Vítor Pereira nem me parece um mau treinador, à priori. O problema começa quando o Porto se desfaz do Falcao, melhor marcador da Liga Europa e da liga, no ano passado. Ele fazia a cabeça de qualquer defesa em água, fosse em Portugal, fosse por essa Europa fora. Por alguma razão valia e vale (mais do que) 45 milhões de euros.
Numa jogada já habitual de Pinto da Costa, comprou jogadores em negócios pouco claros (como de resto, acontece em todos os clubes!) e preferiu pagar para ver, isto é, ver para o que dá este plantel, hoje em dia. A defesa manteve-se a mesma com a acrescida qualidade do francês Mangala e do Alex Sandro, no meio-campo ainda acrescentou o Defour e o Danilo, onde o belga é outro jogador de qualidade inquestionável. Perdeu foi na frente de ataque: sem Falcao, a contratação de Kléber sabe a pouco e Walter não parece alternativa. Nos extremos Hulk e James assumem as despesas com uma qualidade enorme e o brasileiro é capaz de levar qualquer equipa às costas. Quando as coisas parecem correr menos bem, lá sai uma arrancada ou uma bomba do Hulk e já está resolvido. Pinto da Costa começou o processo de renovação da equipa precavendo as saídas de alguns elementos com a contratação de jovens valores. Parece-me bem. Se pode deitar uma época fora? Pois pode, mas o PdC e o FCP podem fazer isso porque para quem está tão habituado a ganhar, pode correr o risco de, eventualmente, não ganhar uma época, para ganhar nas 5 a seguir. E o FC Porto ganhará nas 5 a seguir, pelo menos.

Mi Gonçalves disse...

Uma correcção: Falcao não foi o melhor marcador da liga.