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Regresso ao "Debaixo dos Arcos"
Este espaço pretende apenas apresentar publicamente uma visão sobre o futebol (com outras modalidades à mistura), de forma desapaixonada, independentemente da(s) cor(es) clubística(s). Sem qualquer pretensão oficiosa ou oficial. E que conta com a preciosa colaboração da Mi Gonçalves.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Décima Sétima

O Futebol Clube do Porto conquistou a sua 17ª Supertaça “Cândido de Oliveira”, frente ao seu principal rival – o Benfica, num jogo disputado no Municipal de Aveiro (ontem, dia 7 de Agosto).
Resultado final: Porto 2 – Benfica 0 (golos de: Rolando e Falcao)
Da análise ao jogo, há, à partida, um facto que tenho, por obrigação ética, de mencionar: fiquei surpreso. Duplamente surpreso: O Porto ganhou um jogo para o qual não pensei que estivesse preparado para o fazer e apresentou-se em campo (táctica e emocionalmente) diferente daquilo que mostrou nesta pré-época.
De facto o FCPorto dominou o Benfica durante os 90 minutos, com uma pressão muita alta, afastando a equipa adversária da sua baliza durante muito tempo de jogo, quebrando as ligações entre os sectores benfiquistas não deixando a equipa da Luz ligar o seu jogo.
Tacticamente, a equipa de Villas-Boas foi mais forte, mais consistente, mais bem ligada e com uma forte entreajuda entre os seus sectores, donde se destacam Berluschi (sempre defendi, na época anterior, que este deveria ser o “centro” do jogo portista), Moutinho, Varela e Álvaro Pereira.
Mas a surpresa foi igualmente a forma como a equipa se posicionou e se movimentou em bloco quer na transição defesa-ataque (explorando a velocidade de Varela e Hulk) e na recuperação defensiva (efectuada mal perdiam a posse de bola). O que para nós treinadores de basquetebol sempre foi um dos princípios de jogo: “atacar, a pensar em defender” (recuperação defensiva) e “defender com a preocupação de atacar” (transição ofensiva – contra-ataque).
E isto, transposto para o futebol e para o jogo do Porto, foi claramente conseguido pela equipa de André Villas-Boas: tacticamente muito forte. O trabalho no meio-campo desenvolvido por Moutinho e Berluschi ligando os dois sectores foi exemplar, quer enquanto o Porto detinha a posse de bola (ataque), quer nas acções defensivas.
Emocionalmente, o Porto foi claramente superior neste jogo. O golo marcado muito cedo (e num lance de bola parada, algo que o Porto há muito não aproveitava tacticamente) trouxe não só tranquilidade, mas também segurança, controlo do jogo, deixando os jogadores do Benfica pressionados, sem soluções e com o seu esquema táctico dominado e enfraquecido.
Mas não há bela sem senão… O Porto foi um justo e claro vencedor. Mas para além da conquista da sua 17ª Supertaça (e do 50º troféu da era Pinto da Costa), ainda é muito cedo para definir a equipa como capaz de regressar ao patamar das épocas vitoriosas.
É que esta equipa continua a ter alguns pontos que importa questionar:
  1. Conseguirá manter esta capacidade táctica, física e emocional durante o campeonato?!
  2. Hulk tem lugar no onze inicial, por exemplo, em detrimento de Cristian Rodriguez (mantendo Varela)?!
  3. O Porto tem a mesma capacidade de jogo, em esquemas que não o 4×3x3?!
  4. O plantel actual conseguirá suprir a sua maior dificuldade que é o sector defensivo, pelo menos o central?! Tirando Maicon e Rolando que soluções há?!
  5. Como conseguirá Villas-Boas gerir um meio campo com Moutinho, Berluschi, Meireles, Ruben Micael, Fernando, mas também com Guarín, Sousa e Tomás Costa?!
  6. Que fazer com Mariano, Wlater e James Rodriguez?!
A procissão ainda agora vai no adro… mesmo com uma vitória IMPORTANTÍSSIMA!!!

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