Se é certo que em termos desportivos as “desgraças” alheias são sempre as “bonanças” dos outros, também não deixa de ser verdade que o percurso histórico e o peso desportivo no futebol nacional de alguns clubes e respectivos jogadores merecem alguma reflexão, mesmo que de forma desinteressada.
O futebol, como é claramente reconhecido e à semelhança de muitos outros desportos (individuais ou colectivos), é um desporto de emoções, e, normalmente, emoções muito fortes e díspares.
Como se ousa dizer na gíria popular, “hoje bestiais, amanhã bestas”, em função das circunstâncias competitivas e dos resultados desportivos.
No caso do Sporting Clube de Portugal é algo anormal e difícil de descrever esta “travessia do deserto” que, por maiores que sejam as críticas, não se resume apenas às épocas da gestão de Bettencourt.
São demasiadas as gestões falhadas, sejam a nível desportivo, sejam ao nível institucional.
Do ponto de vista emocional, o clube revela, desde os seus sócios, aos dirigentes, aos treinadores e terminando nos jogadores, em cada época que se inicia uma pressão psicológico algo desproporcional e descontextualizada.
Porque não se percebe que um clube que tem a melhor academia de formação nacional, que já deu ao futebol português (ou que envergaram as cores leoninas) nomes como “os 5 violinos” (Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano), Yazalde, Manuel Fernandes, Damas, António Oliveira, Jordão, Oceano, Paulo Futre, Cadete, Pedro Barbosa, Figo, Simão Sabrosa, Paulo Bento, Ricardo Quaresma, Cristiano Ronaldo, Moutinho, Miguel Veloso, entre muitos outros, não consegue concretizar em estabilidade desportiva todo este património.
Porque também não se percebe que um clube que teve à frente da orientação dos seus profissionais treinadores com experiência e créditos profissionais como Otto Glória, Malcolm Allison, Laszlo Bölöni, Giuseppe Materazzi, John Toshack, Fernando Santos, Marinho Peres, Paulo Bento, Carlos Queirós, Bobby Robson, entre outros tantos, tenha ficado aquém das potencialidades do clube e das aspirações dos seus sócios e adeptos.
Mas será esta a história do clube?! Será tão difícil de perceber que o desporto é feito de ciclos?! Será que os responsáveis pelo clube e os seus associados não conseguem ter o afastamento emotivo suficiente para compreenderem e viverem as competições e cada jogo com análise crítica, mas com a frieza suficiente para saberem que o desporto é feito de vitórias e derrotas, às quais acresce a dignidade, o profissionalismo e o respeito pelo clube?!
È que para os mais esquecidos, o Sporting, nos últimos 10 anos (para se ter uma noção mais clara), venceu dois campeonatos nacionais (2000 e 2002), três Taças de Portugal (2002, 2007 e 2008) e quatro supertaças “Cândido de Oliveira” (2000, 2002, 2008 e 2009).
Será assim tão pouco?!
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