Selecção Nacional com novo "timoneiro"
Os factos:
Está encontrado e anunciado, com pompa e circunstância, o novo seleccionador nacional da Selecção de Futebol: Paulo Bento.
O acordo com a FPF prevê um contrato de dois anos, válido até Julho de 2012.
Paulo Bento surge à frente dos destinos da selecção depois do "caso" Carlos Queirós, da "novela" José Mourinho e de uma lista de nomes (que nunca se mostraram disponíveis) onde figuravam Humberto Coelho e Manuel José, entre outros...
Do currículo do treinador, enquanto técnico do Sporting - equipa principal, constam quatro segundos lugares na liga profissional, duas Taças de Portugal e duas Supertaças.
Paulo Bento marcou por 35 vezes presença na Selecção Nacional, enquanto jogador, tendo sido convocado para as fases finais do Euro2000 e do Mundial2002.
Paulo Bento leva consigo para a FPF como treinador adjunto Leonel Pontes, preparador físico João Aroso e como treinador de guarda-redes Ricardo Peres.
Da próxima convocatória oficial não estarão os nomes dos indisponíveis, Deco, Paulo Ferreira, Miguel, Simão.
A direcção da FPF está demissionária e aguardam-se eleições federativas.
Os considerandos:
Pessoalmente gostei do trabalho do Paulo Bento enquanto treinador do Sporting Clube de Portugal em quatro épocas consecutivas, sendo inquestionável a sua capacidade para liderar um plantel desequilibrado (em relação à concorrência directa), jovem e com um número considerável de jogadores formados na academia leonina (contrariando a actual tendência dos clubes nacionais). Aliás, ainda numa óptica pessoal, quando foi referido o nome de Paulo Bento para treinador do FCPorto, era uma hipótese que não me desagradava (ao contrário da surpresa André Villa-Boas).
Mas independentemente das capacidades de Paulo Bento (quer as técnicas, quer as da sua personalidade) há outros factores que importa considerar.
Começa logo pelo facto de Paulo Bento não ser um treinador que mobilize e cative os adeptos, sendo, eventualmente, mais as vozes dissonantes do que as concordantes quanto à sua contratação.
Além disso, a imagem que a própria direcção da FPF criou em relação à selecção e à estrutura federativa (caso Queirós e a obsessão José Mourinho) afastaram, claramente, os portugueses da selecção e do seleccionador.
Ainda a propósito do péssimo contributo da direcção da FPF para a imagem da selecção, a atribuição a Paulo Bento da responsabilidade de gerir a equipa das quinas (mesmo que o não seja) transmitiu a sensação de desespero, de incapacidade para encontrar técnicos disponíveis e interessados num projecto que se afigura como um "presente envenenado".
À parte, o facto da direcção da FPF ter arrastado o processo Carlos Queirós e toda a trapalhada administrativa e judicial, sem qualquer preocupação com a avaliação da presença no Mundial de África do Sul, com o trabalho ao nível da formação, com a definição de estratégia para o futuro, deixam uma inquietação legítima: o que acontecerá depois de esta direcção ser substituída?!
Há legitimidade para a continuação de Paulo Bento e será este a melhor opção técnica para a futura direcção da FPF?
Que avaliação, definição e estratégia está delineada para o futuro dos trabalhos técnicos da FPF?!
Não teria sido preferível que a FPF tivesse, logo após o Mundial2010, tentado rever e estruturar a sua organização, em todos os seus sectores?! Nomeadamente, o acautelar atempadamente de eleições federativas?!
Não é apenas e tão só o trabalho técnico e a substituição do seleccionador que importava questionar. É todo um conjunto estrutural que importa mudar...
Boa Sorte ao Paulo Bento... Por Portugal
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