Face à ausência de competição oficial e ao chamado defeso desportivo não é fácil à imprensa manter alguma consistência informativa que vá alimentado o "coração" clubístico dos portugueses.
Mas nem por isso, concretamente a imprensa escrita especializada, deixa de publicar as sua edições diárias recheadas de mediatismo e efervescência.
Para além da inarrável quantidade de jogadores que reforçam os respectivos plantéis, principalmente num período de crise financeira global, há ainda uma interminável e inexplicável lista de pseudo-contratações que vão preenchendo e satisfazendo as "conversas de café" dos adeptos do desporto rei.
Mas esta é igualmente a fase dos primeiros contactos com a vitória e a derrota (e com toda a carga emotiva, mesmo extra competição oficial - vulgo "jogos a sério" ou "a doer"). E, apesar do tradicional torneio, da habitual apresentação oficial aos sócios ou do "jogo a feijões", o que é um facto é que esta pré-época preenche os egos clubísticos, cria ou dilui expectativas, prevê veredictos futuros quanto às capacidades competitivas das equipas/clubes nas respectivas provas, anuncia pré-vencedores e pré-derrotados.
Ou seja, a Pré-Época, em muita da sua realidade, afigura-se mais "preenchida" e "apetecida" que o próprio período competitivo.
Mas a realidade referida não deixa de ser algo construído e sustentado numa ilusão e numa deturpação do que é essencial e relevante. As listas intermináveis de pseudo-jogadores contratados diminui, os veredictos e as apostas contratuais falham na sua maioria e os plantéis vão ganhando a sua estruturação final.
Mas a realidade referida não deixa de ser algo construído e sustentado numa ilusão e numa deturpação do que é essencial e relevante. As listas intermináveis de pseudo-jogadores contratados diminui, os veredictos e as apostas contratuais falham na sua maioria e os plantéis vão ganhando a sua estruturação final.
Mas mais importante é a necessidade de desmistificar este sentimento eufórico em torno dos resultados dos jogos e dos torneios preparatórios.
E o exercício é extremamente simples. Basta centrarmo-nos na terminologia "preparatória" ou "pré-época". Significa tão somente algo que se está a preparar ou que antecede a "época" (competição). E é isso mesmo que merece relevo.
Da experiência pessoal de 18 anos como treinador de basquetebol (valendo o que vale, claro) – e neste caso, o período pré-preparatório competitivo tem os mesmo princípios para a generalidade das modalidades – nesta fase, nada é menos importante e irrelevante que o resultado de um jogo. Há outras realidades que são determinantes no período pré-competitivo e que influenciam, ou podem influenciar, o resultado final de uma época: a construção do plantel e a solidificação do grupo de trabalho (no seu todo); o planeamento da época (a sua estruturação e faseamento); as regras e os princípios da equipa; a implementação e consolidação dos fundamentos do jogo e das estratégias tácticas; o apuramento técnico; a recuperação dos níveis físicos (após o desgaste do final da época e do tempo de paragem); a preparação psicológica e emocional.
E estes são os princípios fundamentais (pelo menos alguns) da fase da pré-época, obviamente aqueles menos mediáticos e que não fazem capas de jornais.
Daí que estar-se a viver emotivamente resultados de jogos em que tudo está em causa menos o resultado final, projectando isso para uma realidade completamente distinta como é o período competitivo, não faz qualquer sentido.
Não é uma vitória de oito ou dez golos de diferença sobre uma equipa amadora que transforma uma equipa em campeã nacional, ou uma derrota contra uma equipa mais competitiva, num ambiente e em circunstâncias diferenciadas das regras, da pressão competitiva e sem margem para erros, que transfigura um plantel num clube perdedor.
Cada coisa a seu tempo e no seu contexto.
Venham os jogos a doer…
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